A Venezuela representa um “exemplo de grande
corrupção”, afirmou nesta terça-feira (30) a Transparência Internacional,
em cujo relatório anual sobre 2023 este país aparece, pelo décimo ano
consecutivo, como o mais corrupto das Américas.
De acordo com o Índice de Percepção de Corrupção no setor
público, em uma escala de zero (muito corrupto) a 100 (corrupção muito baixa),
a Venezuela obteve 13 pontos – cinco pontos a menos do que em 2018 -, o que a
coloca no lugar mais baixo da lista de países americanos.
Venezuela e Haiti foram vistas como as nações mais corruptas das
Américas em 2014 e 2015 e, desde 2016, a primeira ultrapassou a segunda.
A organização disse que na Venezuela “bilhões de dólares de
dinheiro público foram sistematicamente desviados, beneficiando alguns
indivíduos poderosos e exacerbando a pobreza e a desigualdade”.
A Transparência Internacional também declarou que, no país,
“grandes esquemas de corrupção andam de mãos dadas com o controle dos
sistemas legislativo, regulatório e judiciário por funcionários de alto
escalão, a fim de gerar poder e escapar da punição”.
“No país, o pagamento de propinas e a cooptação de juízes e
promotores em todos os níveis do sistema judiciário se tornaram um dos
principais mecanismos utilizados pelas redes criminosas para garantir a
continuidade de suas atividades ilícitas, bem como sua impunidade”,
acrescentou o relatório.
“Alguns juízes e promotores venezuelanos, além de fazerem
parte dessas redes, também estão sendo investigados pelo Tribunal Penal
Internacional (TPI) por sua intervenção, ação ou omissão em abusos, torturas e
outros crimes contra a humanidade”, disse a Transparência.
Em 2022, no mundo, Venezuela e Síria – também com 13 pontos –
ficaram atrás apenas da Somália (11) nas posições mais baixas do índice, que
classifica 180 nações e territórios.
De acordo com o índice da ONG Transparência Venezuela, baseado
em casos e investigações de órgãos oficiais dentro e fora do país, a corrupção
comprometeu pelo menos US$ 64,601 bilhões (R$ 319 bilhões).
Em março do ano passado, as autoridades venezuelanas iniciaram
uma operação anticorrupção que foi interrompida abruptamente dois meses depois
sem explicações da Procuradoria Geral da República e do regime de Caracas, que
se mantiveram em silêncio sobre aspectos fundamentais do processo, disseram
especialistas à Agência EFE.
O ex-ministro do Petróleo Tareck El Aissami, que renunciou ao cargo para colaborar com as investigações, foi a figura de mais destaque a ser descoberto nessa operação, mas seu paradeiro e a extensão de sua responsabilidade nos eventos não são conhecidos desde então. (Com Agência EFE)
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