Em Florianópolis, muita gente segue a tradição da Semana Santa à risca, o que tem lotado as peixarias do Mercado Público. Lá estão mais de dez peixarias com os mais variados frutos do mar.
![Moradores da Capital se antecipam na busca dos pescados que serão servidos na sexta-feira – Foto: LEO MUNHOZ/ND](https://static.ndmais.com.br/2024/03/mercado-800x533.jpg)
A advogada Sofia Marta Steinmetz, 39 anos, é católica desde criança. “Minha mãe faz a quaresma inteira sem carne. Eu ainda não cheguei nessa fase, mas ano que vem, farei”, conta.
Mineira de Caeté, Sofia conta que os pais se conheceram na igreja, o que fortalece o elo da família com a religião. Desde os anos 1990, ela vive em Santa Catarina com alguns parentes, no Carianos, Sul da Ilha. Ela vai receber uma tia e primos de Minas na Páscoa.
![Sofia pretende ficar a quaresma toda sem carne no ano que vem – Foto: LEO MUNHOZ/ND](https://static.ndmais.com.br/2024/03/sofia-800x533.jpg)
“Na Sexta-feira Santa, desde criança, sempre foi proibido colocar som alto. Meu pai pedia que a gente não fizesse tanto barulho e nunca comemos carne nem nada derivado. Aí tem os que não comem camarão. Então comprei peixe. Amanhã, vamos comprar marisco e lula para ter mais opção”, explica.
“Acredito que vale a pena esse sacrifício. É um dia no ano e acho que, em respeito a Jesus, à nossa fé, à religião mesmo, abdicar nesse dia não custa nada. É uma simbologia que realmente faz parte da minha vida”, afirma.
Sobre o valor dos frutos do mar no Mercado, considera satisfatórios e até se surpreendeu. “Imaginei que estaria mais caro, como o chocolate, mas está acessível”, comenta.
A dona de casa Margarete Gonçalves Hildebrando, 66, nativa do Estreito, na porção continental de Florianópolis, também foi ao Mercado, ontem, comprar pescados para a Sexta-feira Santa. Estava com a irmã, a aposentada Marília Gonçalves Pereira, 74, também dona de casa.
“É uma tradição, vem de família, da minha mãe e a gente segue até hoje. Vou fazer e reunir filhos, genro. A gente segue há tantos anos, por que não agora?”, enfatiza Margarete.
Empresário espera incremento de 60% a 80% nas vendas
A família de Marcelo Jacques, 53 anos, está há sete décadas no Mercado Público. Ele comanda uma das peixarias do mercadão histórico e diz que, esse período do ano, é o mais aguardado, com excelente incremento nas vendas.
“Eu diria que no mês, vendemos 60% a 80% a mais do que em fevereiro. O povo aqui é muito crente nessa tradição e por morarmos numa ilha, com muitas praias produtivas de pescado, o Mercado fica uma loucura na semana santa”, disse em relação ao movimento. Para garantir as vendas, no entanto, é preciso se preparar.
![A família de Marcelo Jacques, 53 anos, está há sete décadas no Mercado Público – Foto: LEO MUNHOZ/ND](https://static.ndmais.com.br/2024/03/mercado2-800x533.jpg)
“Contratamos mais dois, três diaristas e ficamos de olho nos fornecedores. Mas tem produto. Pode vir que não vai faltar”, garante.
Conforme Jacques, a semana começou muito bem em termos de venda e deve seguir. “Hoje e amanhã, como o brasileiro deixa tudo para última hora, esperamos vender ainda mais”, registra.
Ele também defende a qualidade dos produtos: “O Mercado sempre teve qualidade. Tivemos um problema recentemente, mas foi uma peixaria. Chega peixe toda hora, fresco, e os preços estão compatíveis com os do ano passado.”
Pesquisa de preço no Mercado Público na Semana Santa
O Procon de Florianópolis divulgou na última segunda-feira (25) uma pesquisa de preços de pescados no Mercado Público, justamente por causa da Sexta-feira Santa. Foram comparados os preços de 13 itens em 14 estabelecimentos, incluindo peixes, como a tainha, além de ostras, carne de siri, camarão, lula e marisco. As maiores discrepâncias foram encontradas no bacalhau lombo (186,76%), na lula (57,89%) e no camarão com casca (52,82%).
A tainha pode variar 30% nas peixarias do Mercado. O Procon também identificou itens com pouca variação de preço, entre os comércios analisados, como a dúzia de ostras (5,88%). O diretor do Procon, Alexandre Farias Luz, disse que esta ação ajuda a população a comprar de forma econômica e ágil.
Maiores variações de preços
- Bacalhau lombo: variação de 186,76%. Menor preço: R$ 68. Maior: R$ 195
- Lula: variação de 57,89%. Menor preço: R$ 38. Maior: R$ 60
- Camarão com casca: variação de 52,82%. Menor preço: R$ 35,99. Maior: R$ 55
- Corvina: variação de 50%. Menor preço: R$ 18. Maior: R$ 27
- Camarão sem casca: variação de 33%. Menor preço: R$ 75 Maior: R$ 100
- Tainha: Variação de 30%. Menor preço: R$ 16,90 Maior: R$ 22
- Carne de siri: Variação de 28,57%. Menor preço: R$ 70. Maior: R$ 90
- Salmão: Variação de 26,59%. Menor preço: R$ 78,99. Maior: R$ 99
- Filé de espada: Variação de 25%. Menor preço: R$ 28. Maior: R$ 35
Menores diferenças
- Anchova: Variação de 17,65%. Menor preço: R$ 17. Maior: R$ 20
- Filé de Abrótea: Variação de 15,63%. Menor preço: R$ 17. Maior: R$ 20
- Marisco: Variação de 11,76%. Menor preço: R$ 34. Maior: R$ 38
- Ostra em dúzia: Variação de 5,88%. Menor preço: R$ 17. Maior: R$ 18.
Horário das peixarias no Mercado Público de Florianópolis
- Quinta-feira Santa (28): das 7h às 18h
- Sexta-feira Santa (29): das 7h às 14h
- Sábado (30): das 7h às 14h
- Domingo (31): das 7h às 14h
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