O Instituto Nacional de Transparência e Acesso à Informação
do México anunciou a abertura de uma investigação contra o presidente do país, Andrés
Manuel López Obrador, por ter divulgado o número de telefone de uma jornalista.
O jornal americano The New York Times publicou na quinta-feira (22) uma reportagem sobre uma investigação dos Estados Unidos que teria apurado supostos pagamentos do narcotráfico a Obrador.
Em resposta, o presidente mexicano chamou o jornal de “pasquim
imundo” e divulgou, durante uma coletiva de imprensa, o telefone de Natalie
Kitroeff, chefe da sucursal do New York Times para o México, América Central e
Caribe.
Obrador alegou que “a autoridade política e moral do
presidente do México está acima” da legislação mexicana que resguarda a
privacidade e segurança de dados pessoais.
Jan-Albert Hootsen, representante do México no Comitê para a
Proteção dos Jornalistas (CPJ), disse à Associated Press que, num país onde pelo
menos 55 jornalistas foram assassinados desde 2018, quando Obrador assumiu o
cargo, a divulgação do número de telefone de uma profissional da imprensa gera
um grande risco.
“A grande maioria das ameaças, do assédio e da intimidação contra
repórteres deste país, tanto estrangeiros como locais, ocorre através de
mensagens em aplicativos para celulares”, disse Hootsen.
Ainda na quinta-feira, o porta-voz do Conselho de Segurança
Nacional da Casa Branca, John Kirby, negou em entrevista coletiva que haja
qualquer investigação sobre possíveis vínculos entre Obrador e traficantes de
drogas.
No X, o New York Times manifestou preocupação com a atitude
de Obrador. “Esta é uma tática preocupante e inaceitável de um líder mundial
num momento em que as ameaças contra jornalistas estão aumentando”, afirmou.
O jornal disse que sustenta o conteúdo da reportagem sobre
Obrador e que apoia seus jornalistas.
Na reportagem, o New York Times indicou que Washington encerrou a investigação porque esta poderia provocar um conflito diplomático com o México, especialmente após o atrito entre os governos de Obrador e de Donald Trump (2017-2021) pela prisão, em outubro de 2020, do ex-comandante do Exército mexicano, Salvador Cienfuegos, acusado de tráfico de drogas. (Com Agência EFE)
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