A taxa de condomínio é um custo que não passa despercebido na hora de fechar a compra da tão sonhada casa própria. O valor soma-se às prestações do financiamento e outras taxas assim que o imóvel é entregue. Se o valor for muito alto, pode levar à inadimplência de moradores. Atentas a essa questão, as construtoras começam a estabelecer alguns critérios no planejamento dos projetos para que o custo não pese no bolso dos futuros clientes.
A The INC Incorporadora vai lançar em breve o Porto Mangará, em Mangaratiba, na Costa Verde. O empreendimento, que terá 125 lotes à venda na primeira etapa (a partir de R$ 99 mil), foi planejado para garantir lazer completo sem onerar a taxa paga pelos condôminos. O diretor da empresa, Thiago Soares, tem se reunido com administradoras para analisar as previsões orçamentárias do condomínio.
No terreno onde será erguido o projeto, existe uma praia com acesso praticamente exclusivo dos futuros moradores, e a construtora desistiu de implementar ali uma marina, porque poderia gerar aumento no valor do condomínio e desagradar àqueles que não têm barco. Outras ações serão colocadas em prática para gerar receitas para o condomínio e oferecer mais conforto, segundo o diretor.
— O empreendimento terá um restaurante que ficará responsável pela gestão do bar da piscina e do serviço de praia. É importante para o bem-estar dos moradores e também uma fonte de receitas. Mas, para compensar o pouco movimento na baixa temporada, optamos por uma tarifa mínima mensal que vai manter a estrutura nesse período e funcionará como cashback para o morador consumir no restaurante — explica Soares.
O condomínio terá caixas para armazenar a água da chuva, que será utilizada na irrigação de plantas nas áreas comuns. O objetivo é reduzir os gastos com água, que correspondem a uma fatia importante do valor do condomínio, além de contar com a tecnologia para reduzir o número de funcionários. O terreno terá ainda uma área de preservação de cerca de cinco mil metros quadrados e uma máquina de corte vegetal que economiza na poda da vegetação.
A empresa tem experiência em outras iniciativas para reduzir custos de condomínios. No Campo Real, em Campo Grande, enquadrado no Minha Casa, Minha Vida (MCMV), terá piscina com dimensões que desobrigam o síndico de contratar salva-vidas, e a segurança contará com um moderno sistema de monitoramento por câmeras, para reduzir a necessidade de contratação de pessoal.
A W3 também olhou de perto a questão do valor do condomínio ao lançar o Cores do Rio e o Cores de Fátima, no Centro e na Lapa, respectivamente. Segundo o diretor, Flávio Wrobel, a ideia é oferecer itens essenciais que façam diferença nas despesas dos moradores. Os dois residenciais terão academia e salão gourmet, facilidades que não oneram a taxa mensal e são úteis para os condôminos.
— Não queremos encher o condomínio de itens de lazer só para ficar bonito na foto e permanecer vazios a maior parte do tempo, aumentando o custo mensal. No Cores do Rio, por exemplo, a taxa de condomínio deverá ficar entre R$ 320 e R$ 500, dependendo da metragem dos apartamentos.
Os dois projetos têm um mix de unidades, entre estúdios e apartamentos de um e dois quartos. No Bairro de Fátima, a maioria das unidades terá dois quartos, mais adequadas para famílias. O projeto prevê também espaço pet shower para facilitar a vida de quem tem animais de estimação — quase uma unanimidade no bairro.
— Outro diferencial é o espaço para máquina de lavar e tanque nas unidades, dispensando a lavanderia coletiva, que onera o valor do condomínio — completa Wrobel.
Os custos sobem, e a inadimplência aumenta
Para fechar a conta mensal, condomínios devem reduzir gastos e tentar gerar receita
Uma pesquisa interna feita pela Administradora Cipa mostrou que a taxa de inadimplência nos condomínios vem aumentando nos últimos anos. Em um universo de mil condomínios administrados pela empresa, o crescimento foi de 2% entre 2022 e o ano passado. Ao mesmo tempo, houve aumento de 5% a 6% nos valores de serviços externos prestados aos condomínios no mesmo intervalo pesquisado.
— É uma conta difícil de fechar se o síndico não tomar certas decisões para reduzir gastos e gerar receitas para o condomínio. Há uma demanda crescente por serviços de consultoria em busca de ações e iniciativas para colocar isso em prática nos prédios — afirma o gerente de Operações e Negócios da Cipa, Bruno Queiroz.
Entre as mais sugeridas estão a instalação de portaria remota, que dispensa a contratação de porteiros, e ações alternativas, como consumo de energia solar remota (quando o condomínio se associa a uma fazenda especializada em produção de energia solar). Essa prática, segundo Queiroz, vem ganhando adeptos nos edifícios.
— Criar estratégias tributárias é relevante para reduzir custos, e a contratação de uma garantidora para cobrir eventuais inadimplências de moradores também é outra sugestão. Já a geração de receita pode ser obtida por diversos meios, como publicidade nas fachadas de prédios com boa localização ou instalação de antenas de celulares. Quanto mais bem geridas as contas, melhor será a taxa do condomínio — conclui o gerente da Cipa.
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