O empresário Raphael Torres, 41 anos, que estava a bordo do helicóptero que desapareceu no litoral paulista, enviou uma mensagem de voz ao filho na tarde de domingo (31) dizendo que o tempo estava ruim em Ilhabela – cidade que seria o destino original do voo– e que a aeronave tentaria pousar em Ubatuba.
“Filho, eu vi que você leu minha mensagem agora. Acho que vou para Ubatuba porque Ilhabela está ruim, meu. Não consigo chegar”, disse. Ao fundo, é possível ouvir o barulho do motor do helicóptero.
Ouça o áudio:
Segundo a nutricionista Herika Torres, irmã de Raphael, a mensagem foi enviada por volta das 14h25. Esse foi o último contato feito pelo empresário antes do desaparecimento da aeronave.
Herika diz que, à noite, uma conhecida da família tentou se comunicar com Raphael. Segundo ela, a mensagem foi recebida pelo celular dele, já que o WhatsApp indicou os dois tiques cinzas. Porém, não houve retorno.
Também no domingo, outra passageira, Letícia Ayumi Rodzewics Sakumoto, enviou mensagem ao namorado relatando que o equipamento havia feito um pouso de emergência e que havia muita neblina naquele momento.
Ela disse estar com medo e acrescentou que o helicóptero tentaria retornar. A jovem não soube precisar o local onde o grupo estava.
Esperanças
Nesta sexta-feira (5), as buscas pelo helicóptero chegaram ao quinto dia. A irmã do empresário afirma que ainda não perdeu a esperança de encontrar Raphael com vida.
“Independentemente da religião, o Deus que guia todos nós é o Deus do impossível, né? Ele é o Deus que fez muitos milagres. Então, por que não acreditar que ele faria de novo?”, afirmou.
Herika admitiu que, em alguns momentos, surgem pensamentos negativos, mas que tenta evitá-los. “Às vezes a gente dá uma balançada, do tipo, ‘será isso, será aquilo?’ Mas quando isso acontece, rapidamente a gente joga o pensamento para lá e fala: ‘a gente não tem nada concreto, já aconteceram acidentes muito piores’.”
Acompanhamento das buscas
A nutricionista informou que está em contato com os parentes das outras pessoas que estavam a bordo. “A gente está trocando informações constantemente. Eu tenho o contato das irmãs da Luciana e do noivo da Letícia e eles obviamente têm o meu. E qualquer novidade que a gente tem, qualquer ideia de busca, a gente tem se falado por pelo WhatsApp ou por telefone.”
Herika acrescentou que os familiares também estão falando com pessoas da região onde o helicóptero possa ter desaparecido para tentar obter alguma informação local, como pescadores e guias de turismo.
Moradora da capital paulista, ela disse que, a princípio, não pretende ir ao litoral norte para acompanhar as buscas no local. “Talvez no final de semana. Mas eu tenho fé em Deus que não vão passar de hoje nessas buscas. Então não estou pensando no plano B. O plano A é que a gente hoje vai ter grandes novidades.”
O desaparecimento
O helicóptero Robinson R44 pilotado por Cassiano Tete Teodoro decolou no início da tarde de domingo do aeroporto Campo de Marte, na zona norte de São Paulo, e iria para Ilhabela, no litoral norte.
Além de Cassiano e Raphael, estavam a bordo do equipamento a empresária Luciana Rodzewics, 46, e a filha dela, Letícia, de 20.
Durante o voo, o piloto relatou ao heliponto onde faria o pouso que a situação meteorológica na região era ruim e que ele estava tentando localizar um “buraco” para elevar a altitude do helicóptero e passar da camada de nuvens.
No jargão da aviação, “buraco” significa um espaço com céu limpo. O último diálogo entre o piloto e o operador do heliponto foi às 14h55.
Vídeo: Cor do helicóptero também atrapalha na busca, diz especialista
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