Fim da escala 6x1 seria desastre para indústria de construção, diz entidade do setor
Para entidade, mudança geraria aumento da informalidade e do desemprego; setor afirma que falta mão de obra
O fim da escala 6x1 seria um desastre para o setor de construção, mais do que para qualquer outro, segundo Eduardo Aroeira, vice-presidente da Cbic (Câmara Brasileira da Indústria da Construção). Ele afirma que seria preciso arrumar mais trabalhadores para não haver queda de produtividade e atraso em obras —no entanto, não há mão de obra para isso, diz. "Não temos esses trabalhadores."
"Estamos, hoje, praticamente em pleno emprego e nossa grande luta não é empregar pessoas e, sim, o aumento de produtividade. A alteração da escala neste momento, em que temos uma produtividade baixa e uma necessidade de entrega, principalmente de unidades de interesse social, com certeza, no máximo, geraria o desemprego ou a informalidade", diz Aroeira, em entrevista coletiva na manhã desta segunda-feira (18).
"Na verdade, a discussão prioritária, no nosso interesse, é como a gente pode melhorar as condições dos trabalhadores, com aumento de produtividade, formas diferentes de construir", afirma.
Responsável por empregar mais de 13 mil trabalhadores, segundo dados do último Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), o setor da construção enfrenta uma das maiores crises de escassez de mão de obra, especialmente pela falta de qualificação e pelo desinteresse dos jovens em suportar as condições de trabalho nos canteiros.
O resultado é uma força de trabalho envelhecida, como mostra levantamento da entidade. Segundo o estudo da Cbic, a média de idade dos trabalhadores subiu de 38 anos, em 2016, para 41 anos, neste ano. No estado de São Paulo, a idade subiu para 43 anos e, em sua maioria, o trabalhador atua por conta própria, de modo informal, cerca de 38,8 horas semanais e teve renda média mensal de R$ 2.552,99 em 2023.
Créditos e redação Folha de São Paulo
Ana Paula Branco
*republicado afim de propagar a informação