Jane Cleide Pereira, 39 anos é pintora industrial. Jaqueline Ferreira Martins, 36, mecânica montadora. Daiana Mangia Nobre, 32, pintora industrial. Mães, esposas e profissionais da indústria, elas endossam dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) que revelam um aumento de cerca de 23%, desde 2018, na presença de mulheres na construção civil em todo o Brasil. Na semana do Dia das Mulheres, elas contam sua experiência nessa empreitada.
Jane e Jaqueline deixaram o Paraná e o Pará, respectivamente, para assumirem uma posição na obra do Rio. Desde 2016 na construtora, a baiana Jane já tinha experiência em uma grande obra no Paraná – a P-76, uma plataforma de petróleo construída pela empresa e que está em operação na cessão onerosa de Búzios 3, no pré-sal, produzindo 150 mil barris de petróleo/dia e 7 milhões de metros cúbicos de gás natural/dia.
Jaqueline se candidatou à vaga pensando no crescimento que o setor poderia oferecer. Trocou o Pará pelo Rio em busca de uma nova carreira profissional. Daiana, moradora de Itaguaí, deixou o cargo de gerente de loja pela assumir uma vaga de pintura industrial na obra da Santa Cruz.
“Fui ajudante na P-76 e, em seguida, recebi a classificação para ser pintora no projeto LTA (sigla em inglês para Long Term Agreement). Meu sonho é ser inspetora. Então, cada coisa que aprendo dentro da área eu trago para minha vida. Vou colocando em prática os aprendizados para lá na frente chegar ao meu objetivo”, revela Jane, pintora e mãe do Alan, de 17 anos.
Trabalhar no setor também traz grandes desafios. A falta de exemplos para se inspirarem nas posições de liderança é um deles.
“O mercado de trabalho precisa abrir mais oportunidades, ainda há muito preconceito em contratar mulheres para a área. Há ainda um machismo em achar que a gente não tem capacidade de estar ali. É muito maneiro mesmo contratarem mais mulheres para mostrar que a gente está ali, que as mulheres têm direito de exercer as funções que têm vontade. Me matriculei para uma turma de mecânica agora em abril. Pretendo concluir esse curso e crescer cada dia mais na Techint e na área de mecânica. Sou completamente apaixonada por essa área. Ter um desenvolvimento de estudo técnico, continuar dentro dessa área e chegar a algum nível maior, vou abraçar todas as oportunidades. Sou do campo mesmo, sou da obra”, empolga-se Jaqueline.
Outra questão que o time feminino enfrenta é o malabarismo para equilibrar as demandas de trabalho e responsabilidades familiares.
“Acordo às 6h, tomo café e já desço com as crianças para a escola. Depois vou trabalhar. Na planta, faço o tratamento das peças metálicas, os apontamentos de colaboradores, ajudo no recolhimento de ponto, documentação e check-list. Após o trabalho, retorno com os afazeres de casa”, descreve Daiana, mãe de dois.
Essa evolução no quadro da Engenharia e Construção tem sido constatada nos canteiros de obras de grandes construtoras brasileiras. Desde o início da obra, a Techint E&C, onde elas trabalham, disse que já contratou 36 mulheres para realizar serviços de montagem eletromecânica na planta industrial da Ternium, em Santa Cruz.
Michele Araújo, Coordenadora de Diversidade e Inclusão da Techint E&C, diz que desde 2020 a empresa tem um programa de Diversidade & Inclusão.
“Queremos garantir um ambiento cada vez mais inclusivo, iniciando com foco no público feminino, pois sabemos que o setor da engenharia e construção ainda é bastante masculino”, explica .
Créditos: Portal Extra Esportes