Na manhã desta quarta-feira (7), o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas) e a Polícia Civil de Santa Catarina deflagraram em conjunto, a Operação Takedown. Um grupo nacional, especializado em fraudes cibernéticas, é alvo da operação, que é desdobramento de um caso de grande repercussão que aconteceu em Blumenau, no Vale do Itajaí, em setembro de 2022.
A operação nesta quarta-feira (7) cumpre 12 mandados de prisão preventiva e 13 mandados de busca e apreensão em SC, RS, SP, RJ, CE, PB, RO e Distrito Federal. Os trabalhos buscam desmantelar uma organização criminosa nacional especializada em invasões de sistemas bancários, através de um ataque cibernético denominado “ataque lógico”.
As ordens de prisão e de busca e apreensão foram expedidas pela 1ª Vara Criminal da Comarca de Blumenau. A decisão ocorre após a 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Santa Catarina dar provimento a um recurso interposto no processo pelo Ministério Público, por meio da 1ª Promotoria de Justiça da Comarca de Blumenau.
Os endereços e a identificação dos alvos da operação não foram revelados. O Ministério Público de Santa Catarina não detalhou se houve pessoas presas em Blumenau ou na região do Vale do Itajaí, ou o teor dos mandados de busca e apreensão cumpridos.
Entenda o que motivou a Operação do Gaeco
O Ministério Público divulgou que a operação é fruto de um inquérito da DRFR (Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos) de Blumenau, que teve início depois da prisão dos responsáveis pelo roubo com restrição de liberdade de duas gerentes de um banco em Blumenau, em 20 de setembro de 2022.
O crime foi praticado visando a subtração dos notebooks das vítimas. Os dispositivos, segundo acusa o MP, foram previamente encomendados pela organização investigada para viabilizar invasões e desvio de valores da instituição financeira. O prejuízo soma R$ 2,5 milhões.
Com as devidas autorizações judiciais cautelares, o Cyber Gaeco, de forma conjunta com a DRFR de Blumenau, identificou a estrutura do grupo criminoso e os membros encarregados de invadir o sistema bancário para desviar os valores. Uma técnica chamada de “ataque lógico” foi utilizada e chamou a atenção dos investigadores.
Como funciona a tática de ‘ataque lógico’
A descoberta foi feita pelo Cyber Gaeco do Ministério Público, força-tarefa especializada do órgão, que investiga crimes virtuais. O Ministério Público ainda detalhou como funciona a tática de “ataque lógico”, que foi a forma como os investigados fizeram as transações fraudulentas:
- 1) Obtenção do notebook do banco: Tudo começa quando o grupo criminoso obtém ilicitamente, mediante furto ou roubo, notebooks de funcionários da instituição financeira alvo da ação. Normalmente, algum colaborador do banco é aliciado para facilitar ou repassar informações que permitam a subtração do dispositivo eletrônico;
- 2) Acesso à rede do banco: De posse do notebook do banco, os criminosos, agindo como se fossem colaboradores, acessam à rede da instituição financeira. Para isso, possuem duas alternativas:
- i) uso de VPN (neste caso, precisam saber a senha de algum funcionário ativo ou ter afacilitação/envolvimento de algum deles);
- ii) acessar o Wi-Fi de uma agência a partir de um local próximo;
- 3) Acesso ao sistema de transações: Assim que a rede do banco é conectada, ocorre o acesso ao sistema transacional através do uso das credenciais de um gerente. A senha funcional do gerente é obtida e repassada à organização criminosa por um funcionário corrompido;
- 4) Efetivação das transferências: São acessadas contas de clientes que o grupo já sabe possuir quantias elevadas, e são efetuadas transferências eletrônicas para contas de “laranjas”.
Suspeitos de envolvimento com a ação, três ex-funcionários da instituição financeira prejudicada tiveram suas prisões decretadas por auxiliarem no crime.
Os integrantes do grupo possuem histórico de fraudes digitais. Alguns deles também já praticaram fraudes cibernéticos contra a Previdência Social, observaram os investigadores.
Segundo o Ministério Público, a operação em andamento nesta terça-feira (7) conta com o apoio da Polícia Civil de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraíba, Rondônia e do Distrito Federal, da Polícia Penal gaúcha e catarinense, dos Ministérios Públicos dos Estados envolvidos, além dos Gaecos do Ceará, Distrito Federal e outros Estados.
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