O presidente Luiz Inácio Lula da Silva definiu a troca na cúpula da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e vai exonerar o diretor-adjunto Alessandro Moretti. A publicação deve sair no Diário Oficial nos próximos dias. A informação foi confirmada por integrantes do Palácio do Planalto
Integrantes do governo afirmaram que o substituto será Marco Cepik, atual diretor da Escola de Inteligência da Abin. Ele é ligado ao diretor-geral da agência, Luiz Fernando Corrêa. A escolha indica que a permanência de Corrêa no cargo não está ameaçada até o momento. Cepik é um considerado um dos principais pesquisadores de inteligência no país e autor de livros sobre o tema.
Na manhã desta terça-feira, Lula disse que, se ficar comprovado que Moretti favoreceu investigados pela PF e manteve relações com Alexandre Ramagem, não há “clima” para ele permanecer no órgão. O presidente acrescentou que ainda há insegurança em relação a Abin, mas destacou que confia EM Corrêa.
A PF deflagrou uma operação para investigar o aparelhamento político do órgão e o monitoramento de adversários do ex-presidente Jair Bolsonaro por meio da ferramenta de geolocalização First Mile. Ramagem é deputado federal e foi diretor-geral da Abin durante a gestão Bolsonaro.
A PF investiga um possível conluio entre investigados na operação e a atual gestão da Abin. Em relatório apresentada ao ministro Alexandre de Moraes, os investigadores citaram que esse suposto acordo causou prejuízo para a apuração dos fatos, para os investigados e para a própria Abin, constituindo interferência à investigação.
No documento, a PF cita que “as ações realizadas pela alta gestão atual, dessa forma, se mostram prejudiciais à investigação posto que transparecem aos investigados realidade distinta dos fatos”. Pelo que apuraram as investigações, a atual direção da Abin teria montado, com os investigados, um acordo para formação de uma estratégia conjunta e um acordo para “cuidar da parte interna”.
O relatório aponta que o então diretor da Abin, Alessandro Moretti, teria realizado uma reunião com os investigados, quando disse que o procedimento teria “fundo político e iria passar”. As declarações, afirma a PF, teriam sido dadas na presença de Corrêa, o atual diretor da Abin. Ele, entretanto, ainda não tinha tomado posse do cargo. A reunião ocorreu no dia 28 de março, duas semanas após o GLOBO revelar a existência do FirstMile, sistema capaz de monitorar a localização de celulares.
Créditos: Portal Extra Esportes