Titular da 33ª Promotoria de Justiça, que tutela os direitos de crianças e adolescentes em Campo Grande, o Promotor de Justiça Nicolau Bacarji Junior, participou de importante conversa com as famílias atendidas pelo Centro de Referência em Assistência Social (CRAS) do Jardim Noroeste nesta quarta-feira (12 de janeiro). O assunto foi a campanha do Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) para alertar sobre os impactos negativos da gravidez precoce.
O objetivo principal do encontro foi sensibilizar a população sobre as consequências, que atingem os âmbitos individual, familiar e coletivo, ao mudar as perspectivas de vida dos jovens que vão gerar uma vida, notadamente das meninas. A ação une a 33ª Promotoria de Justiça, o CRAS Jardim Noroeste e ainda a Unidade Básica de Saúde (UBS) do bairro.
“O Ministério Público está à frente dessas grandes questões que envolvem a garantia dos direitos individuais das crianças e dos adolescentes. Uma forma de preservar esses direitos é justamente sensibilizando os jovens a adiar o processo de gravidez, pois isso gera várias consequências dentro da família, para o futuro profissional do jovem, além de questões de evasão escolar e da própria saúde da criança e da adolescente”, declara o Promotor de Justiça Nicolau Bacarji Junior.
A temática é tratada há três anos pela 33ª Promotoria e agora se alia à campanha em desenvolvimento pelo MPMS, intitulada “Viva a adolescência, evite a gravidez!”.
A conversa com as famílias
Durante a reunião mensal feita pelo CRAS para entrega de cestas básicas às famílias atendidas, além do Promotor de Justiça, houve apresentação da psicóloga Thailise Antero, atuante na rede de assistência social, na qual ela compartilhou sua experiência sobre os impactos da gravidez precoce entre adolescentes.
Ela observou que a adolescência é uma fase de descobertas e que os jovens não estão preparados física, social e psicologicamente para assumir a responsabilidade de uma gestação. “Quando ocorre uma gravidez na adolescência, vemos que algo é roubado dessa fase de descobertas. A adolescente precisa assumir responsabilidades que não está preparada para enfrentar, o que pode gerar danos psicológicos e aumentar a vulnerabilidade social.”
Stephanie Santana, coordenadora do CRAS Noroeste, ressaltou a importância do trabalho integrado entre saúde, educação e assistência social para atender as jovens grávidas. “A educação ajuda a menina a não parar os estudos, a saúde faz o acompanhamento do pré-natal, e a assistência social dá suporte para que a família consiga receber essa nova vida sem maiores impactos econômicos”.
A ação do MPMS, com palestras e cartilhas simplificadas, se soma ao trabalho de quem atua todo dia para transformar realidades de famílias já vulnerabilizadas seja por questões financeiras, sociais ou de segurança.
“O que o Ministério Público está fazendo é incrível, com palestras e cartilhas mais simplistas, onde num documento, a pessoa consegue ler e se orientar, afirmou Thailise.
Realidade do dia a dia
A gravidez precoce é uma questão ainda muito presente no atendimento diário do CRAS Jardim Noroeste, com reflexos não apenas para a adolescente, mas também para a família e a comunidade, ao ampliar as necessidades de suporte dos programas sociais. “A menina às vezes não consegue terminar os estudos, ela precisa de um Bolsa Família, ela precisa de um acompanhamento, a gente precisa às vezes encaminhar para o Conselho Tutelar para entender como está sendo essa evolução da família e tudo mais”, elenca a coordenadora Stephanie Santana.
O CRAS Jardim Noroeste atende cerca de cinco mil famílias. No lugar, a população encontra a porta de entrada para os programas sociais mantidos pelo Poder Público.
A campanha
Em andamento desde a Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência (1º a 8 de fevereiro), a campanha “Viva a adolescência, evite a gravidez!” é desenvolvida alinhada com a Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência (1º a 8 de fevereiro).
Em parceria com as secretarias de Saúde e de Assistência Social, a ação busca conscientizar o público de 12 a 18 anos por meio de ações educativas, além de ampliar o acesso a serviços públicos voltados à prevenção da gravidez precoce.
Adolescentes devem buscar métodos contraceptivos nas Unidades de Saúde e manter um diálogo aberto com profissionais da saúde e educação, além de conversas em família, preconiza a iniciativa de conscientização da comunidade.
Textos e Imagens MPEMS