No dia em que foi publicada a Lei 6.206/2024, duas mulheres ocupantes de cargo público no Estado vieram reforçar a importância da união entre as mulheres, o respeito aos seus espaços e a solidariedade de todos. Ambas sofreram preconceito em seus espaços públicos, o lugar que elas ocupam por excelência e merecimento, pois foram eleitas. Uma vereadora e uma prefeita, cada qual com seu papel, sendo desmerecidas em pleno 2024, e ainda, em março, mês que é considerado o mês da mulher, já que celebramos a data internacional no dia 7.
A convite da deputada Lia Nogueira (PSDB) e do deputado e 1º secretário da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, Paulo Corrêa (PSDB); Rhaiza Matos, prefeita de Naviraí e Sumara Leal, vereadora de Cassilândia, utilizaram a tribuna para a manifestação externa.
Rhaiza Matos agradeceu o espaço destinado a luta contínua contra a misoginia. “Conclamo todos a participar da luta incessante contra a misoginia e o preconceito que infelizmente ainda permeiam o ambiente político, predominantemente masculino, mas não é justificativa para a cultura de marginilização das mulheres que ousam entrar nesse espaço”, relatou.
“É inadmissível termos que lutar por igualdade, a misoginia não é um ataque as mulheres, e sim aos princípios democráticos, que sustentam a nação. A violência também existe na difusão de estereótipos, divulgação de mentiras, violência psicológica, minha presença aqui é hoje não é apenas para denunciar. Devemos criar políticas que assegurem a igualdade de gênero das mulheres na política. Agradecemos ao trabalho das deputadas na Assembleia, e a lei que foi sancionada hoje”, concluiu.
Sumara Leal (PDT) reiterou que estava na tribuna em nome de todas as mulheres que sofreram algum tipo de violência. “Só quem sofreu isso sabe, o quanto a violência de gênero nos humilha, nos corrói, nos paralisa. Fui vítima de violência no último dia 13 na Câmara Municipal de Cassilânida, por fiscalizar o uso do dinheiro público, o meu, o seu dinheiro. Minha fala foi cassada, meu microfone cortado, e ainda foi utilizada uma frase contra mim que se eu fosse homem, não teria ouvido aquilo. Esse lamentável episódio ofende a todas as mulheres por mim, Mara Caseiro, Lia Nogueira e Gleice Jane, representadas.
“Também sofri abuso sexual e hoje ajudo a quem passou por isso ou qualquer violência a superar seus traumas, em uma cultura que culpa a vítima até os dias de hoje, as vítimas nunca serão culpadas. Vocês não estão sozinhas. Fui eleita com o propósito de melhorar a vida das pessoas e construir um mundo melhor para meus filhos. Nós estamos aqui, nós existimos e não nos calaremos. As leis de defesa das mulheres foram escritas com lágrimas e sangue e precisam ser cumpridas”, reiterou.
O deputado Pedrossian Neto (PSD) considerou a declaração dirigida à Sumara Leal motivo de quebra de decoro. “Fala repugnante, a Câmara vai saber soberanamente decidir e deveria existir algum tipo de sanção para um comportamento gravíssimo. Impressionante que está acontecendo no mês da mulher. Respeitar a participação feminina é uma agenda de justiça social e igualdade”, destacou.
A deputada Lia Nogueira, uma das autoras do requerimento para a manifestação externa na tribuna de ambas ressaltou que é necessária a sensibilidade. “Hoje é um dia histórico para esse Parlamento, eu gostaria realmente para que essas mulheres pudessem ocupar essa tribuna. Vim para cá com muitas cicatrizes, mesmo com um Governo de respeito pelas mulheres, ainda ocorre muito o preconceito nas câmaras de vereadores e muitas vezes, sim, citam nosso corpo. Aqui encontrei mulheres com sororidade, respeito dos deputados homens. Aqui vocês terão alguém para representá-las”, exclamou.
O deputado e 1º secretário da ALEMS, Paulo Corrêa (PSDB) se solidarizou ao que aconteceu com a vereadora de Cassilândia. “Repudio essa ação do presidente da Câmara de Cassilândia. É um desrespeito ao mandato que vossa excelência teve no voto. Não se deixe abater, essa casa está com você, onde precisar nossa Moção de Repúdio irá caminhar, a deputada Lia Nogueira, e os outros 23 deputados são solidários. Parabenizo pela coragem e força. Contem com essa Casa de Leis”, declarou..
A deputada Gleice Jane (PT) ressaltou a importância desta pauta. “Essa pauta é muito cara para nós mulheres, e as deputadas Lia Nogueira e Mara Caseiro estão muito atentas, e há sim, tentativa de de silenciamento das mulheres no espaço das políticas algo que vem sendo discutido em âmbito nacional, há um movimento machista que procura nos silenciar a todo tempo. Precisamos compreender nossa força, é importante compreender o processo para saber isso, todos os partidos tem historicamente hábito de unir e se fortalecer em defesa da participação das mulheres no Parlamento, e essa tentativa de silenciar está acompanhada da violência entre as mulheres. Estamos cuidando uma das outras e vamos juntas cuidar de outras”, garantiu.