Hellen Kacia Matias Silva, de 45 anos, foi presa por suspeita de deformar o rosto de ao menos 10 pacientes em Goiânia (GO). O caso veio à público nesta terça-feira (31) e, de acordo com a polícia, ela usava suas redes sociais como meio de divulgação dos trabalhos para captar mais clientes.
Ao todo a dentista somava mais de 650 mil seguidores e além dos procedimentos divulgava mentorias para outros profissionais.
Segundo o CRO-GO (Conselho Regional de Odontologia de Goiás), informou que não tinha conhecimento da operação realizada pela Polícia Civil que prendeu a dentista.
Ao UOL, o Conselho explicou que:
“O CRO-GO tomou conhecimento da prisão preventiva da investigada através de noticiários veiculados pela mídia local. Informamos ainda que as medidas administrativas pertinentes estão sendo tomadas pelo CRO-GO, obedecido o devido sigilo aplicável ao caso. Por fim, o órgão se coloca à disposição da PCGO e da população para os esclarecimentos que se fizerem necessários”, diz.
Segundo a apuração da Polícia, a dentista fazia cirurgias faciais não permitidas pelo Conselho Federal de Odontologia, que deveriam ser feitas apenas por médicos.
Os procedimentos investigados são: alectomia (redução do nariz); retirada de pele excessiva dos olhos (blefaroplastia); lipo de papada (face lifting), por exemplo.
Como tudo começou
A investigação contra a dentista começou em setembro de 2023 na Decon (Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Consumidor). Segundo a Polícia, a motivação foram denúncias feitas contra Hellen.
Hellen divulgava procedimentos estéticos nas redes sociais a preços abaixo do mercado, de acordo com a Polícia Civil.
Seu perfil, com mais de 650 mil seguidores, mostrava vídeos e fotos dos resultados dos tratamentos, com legendas promovendo a “valorização da beleza” e “rejuvenescimento”.
Além disso, ela oferecia cursos online ensinando técnicas estéticas a profissionais de saúde, inclusive cirurgias plásticas, o que só é permitido a cirurgiões plásticos.
Em novembro de 2023, um mandado de busca e apreensão foi realizado em sua clínica, onde foram confiscados celulares, registros de pacientes e materiais cirúrgicos.
Foi então que as investigações avançaram revelando relatos de pacientes insatisfeitos e deformados após os procedimentos realizados pela profissional e seus alunos.
A polícia também encontrou instrumentos cirúrgicos, anestésicos e medicamentos vencidos na clínica, o que levou à autuação por infrações sanitárias. A Vigilância Sanitária descartou esses materiais e autuou a dentista.
Hellen está detida preventivamente, e foram realizadas buscas em diversos endereços ligados a ela. O instituto onde ela coordenava os procedimentos foi alvo de investigação por exercício ilegal da profissão e prestação de serviço de alta periculosidade.
Defesa da dentista
Segundo o site “Mais Goiás”, as advogadas Caroline Arantes e Thaís Canedo, responsáveis pela defesa da dentista, afirmam que a prisão de Hellen foi realizada de maneira arbitrária e injusta.
Elas também afirmam que imagens de procedimentos com complicações, que estão sendo divulgadas, não foram realizadas pela dentista. Segundo a defesa, houve uma confusão por parte da Justiça quanto ao tipo de procedimento executado.
Alega-se que Hellen, especialista em bucomaxilofacial, realizou um procedimento reparador, não estético, dentro da sua área de atuação.
De acordo com as advogadas, o procedimento foi uma correção de uma lesão em uma paciente decorrente de uma cirurgia prévia realizada por outra profissional, o que é permitido pela legislação do Conselho Regional de Odontologia.
Elas destacam que se tratou de uma sutura para resolver a complicação, e não de uma blefaroplastia, como consta nos registros judiciais e no depoimento da paciente.
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