O Brasil está recebendo, na manhã desta quinta-feira (25), uma reunião para estabelecer os diálogos entre a Guiana e Venezuela sobre a disputa pela região do Essequibo. O encontro acontece entre os chanceleres dos dois países e do Brasil, no Palácio do Itamaraty. As duas nações têm enfrentando momentos de tensão depois das ameaças da ditadura venezuelana de anexar a região de Essequibo, que pertence ao país vizinho, ao seu território. A disputa pelo território entre os dois países já dura mais de um século.
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, é quem vai intermediar as discussões. A Venezuela enviou seu chanceler, Yvan Gil, e a Guiana enviou Hugh Hilton Todd, também chanceler do país. O embaixador de São Vicente e Granadinas em Caracas, Gareth Bynoe, na figura de representante da Celac, e representantes da Comunidade do Caribe (Caricom) também acompanham a reunião.
Conforme apurou a Gazeta do Povo com membros do Itamaraty, o secretário-geral das Nações Unidas, Antônio Guterres, enviou Miroslav Jenca, secretário-geral adjunto para assuntos políticos da ONU, para acompanhar a reunião como observador do órgão. Após o encontro, que teve início pouco depois das 10h, os representantes seguem para um almoço oferecido por Vieira.
O Brasil, desde que a tensão entre os dois países aumentou, se colocou como intermediador da disputa. Em dezembro, os países estabeleceram a Declaração de Argyle, com a intenção de promover “o diálogo e a paz entre Guiana e Venezuela”. A reunião desta quinta é uma continuação do acordo estabelecido entre as duas partes.
O encontro no Itamaraty, contudo, não deve tratar apenas sobre a disputa territorial entre os dois países. A expectativa é que os chanceleres determinem a abertura de comissões específicas para tratar a relação bilateral entre Venezuela e Guiana, conforme informou a imprensa venezuelana.
A disputa pelo Essequibo
O território da Guiana denominado Essequibo, ou Guiana Essequiba, está em disputa desde o século 19, mas nos últimos meses, o ditador venezuelano, Nicolás Maduro, tem apostado em uma forte campanha para conseguir apoio da sua população na decisão de invadir e ocupar a região. Representando 70% do território guianense, a região possui reservas de petróleo, minerais e inclusive de urânio.
Além dos interesses econômicos sobre a região do Essequibo, especialistas avaliam que Maduro quer usar as discussões sobre a anexação do território vizinho para tirar o foco das eleições no país. Neste ano, a Venezuela deve passar por um pleito presidencial e o autocrata tem sido acusado de manipular a preparação eleitoral no país.
No ano passado, o governo da Venezuela inabilitou a principal opositora de Maduro para concorrer as eleições. A atitude foi vista como uma manobra do ditador para evitar que perca o pleito.
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