Edição especial de 100 anos do Campeonato Catarinense começa no sábado; série de reportagens do Grupo ND relembra os grandes esquadrões e craques que desfilaram pelos gramados do Estado
Oficialmente, o Campeonato Catarinense completa 100 anos em 2024. Tudo começou um século atrás, num 12 de abril em que dirigentes de seis clubes da Capital – Avahy, Florianópolis, Internato, Trabalhista, Externato e Figueirense – assinaram o documento de fundação da Liga Santa Catarina de Desportos Terrestres.
Eles se anteciparam às equipes de outras regiões do Estado, que queriam ser protagonistas da criação da Liga, mas não conseguiam obter a tempo a adesão de todos os interessados em fazer parte dela. Sob a presidência de Luiz Alves de Souza, a LSCDT foi instalada provisoriamente numa sala do Colégio Catarinense, onde ficou até 1927.
No sábado (20), a edição que marca o centenário do campeonato (que não teve todas as edições) começa com três jogos, na rodada de abertura que termina no dia seguinte. Até 6 de abril, data da decisão, Avaí, Barra, Brusque, Chapecoense, Concórdia, Criciúma, Figueirense, Inter de Lages, Hercílio Luz, Joinville, Marcílio Dias e Nação disputam o título da principal competição do futebol estadual.
Avaí e Figueirense, com 18 troféus cada, representam Florianópolis no certame, que dá duas vagas na Copa do Brasil de 2025.
Quando nasceu a entidade que deu origem à FCF (Federação Catarinense de Futebol), o remo era o esporte mais popular na Capital. As competições atraíam multidões (considerando as proporções da cidade, à época) para a orla da baía Sul, onde eram realizadas as provas aquáticas.
Aos poucos, o chamado “esporte bretão” foi conquistando adeptos, e o campeonato citadino passou a mobilizar as torcidas em torno de times semiamadores que nasciam vinculados a diferentes instituições e categorias profissionais.
Primeiro campeão
Em 1924, antes do primeiro Campeonato Regional de Futebol, que teve todos os jogos disputados no gramado do ginásio do Colégio Catarinense, houve o Torneio Início, vencido pelo Figueirense.
O Avaí (então grafado como Avahy) venceu o certame regional, título que foi homologado oficialmente como de âmbito estadual em 1996 pelo então presidente da FCF, Delfim de Pádua Peixoto, mesmo que a Liga se circunscrevesse à Capital do Estado. O Leão da Ilha foi, portanto, o primeiro campeão catarinense.
A história centenária do Campeonato Estadual já foi tema de teses, dissertações e livros e não cabe nos limites de uma reportagem.
Houve uma infinidade de eventos inusitados, histórias engraçadas, brigas em campo e nas arquibancadas, casos de clubes que desistiram de participar ou sucumbiram à ação dos anos, mudanças de regras, rivalidades que nasceram e se desfizeram, assim como outras – como a clássica refrega entre Avaí e Figueirense – que permanecem e alimentam os atritos, desavenças e zoações entre torcedores rivais.
Títulos estaduais
- Avaí – 18
- Figueirense – 18
- Joinville – 12
- Criciúma – 11
- Chapecoense – 7
- América – 5
- Metropol – 5
- Caxias – 3
- Brusque – 2
- Hercílio Luz – 2
- Olímpico – 2
- Carlos Renaux – 2
- Marcílio Dias – 1
- Ferroviário – 1
- Comerciário – 1
- Perdigão – 1
- Internacional – 1
- Paula Ramos – 1
- Operário – 1
- Ipiranga – 1
- CIP – 1
- Clube Atlético Catarinense – 1
- Lauro Müller – 1
- Externato – 1
Dos times extintos aos ‘seis grandes’
A portentosa obra “Santa Catarina – Um século de futebol – A dimensão de sua história” (Alesc, 2019), de Maury dal Grande Borges, é consulta obrigatória quando se fala do Campeonato Catarinense, pela riqueza de dados, histórias, imagens e bastidores de um evento que nasceu com meia dúzia de clubes e que migrou de campos de colégios para estádios dignos do nome só em 1930.
Nada menos que 24 agremiações já levantaram a taça, algumas delas – como a CIP, ou Companhia Industrial de Phósphoros, de Itajaí, campeã em 1938 – de passagem meteórica pelo cenário esportivo do Estado.
Os principais papões de canecos são Avaí e Figueirense, nascidos na década de 1920, seguidos pelo Joinville (que resultou da fusão entre Caxias e América e enfileirou várias conquistas nos anos 70/80), Criciúma (que surgiu como Comerciário), Chapecoense (criada na década de 1970), América e Metropol (também de Criciúma, que chegou a disputar uma final da Taça Brasil com o Botafogo).
Entre os campeões aparecem também o Íris, o Brasil, o Lauro Müller, o Trabalhista, o Externato, o Perdigão, o Ipiranga, o Paula Ramos, o Ferroviário e o Operário.
Nas décadas mais recentes, consolidaram-se como “os cinco grandes”, pelos títulos regionais e participações em torneios nacionais, o Figueirense, o Avaí, o Criciúma, o Joinville e a Chapecoense.
O Brusque é o mais novo integrante dessa elite, depois de se tornar mais um representante catarinense no Campeonato Brasileiro e fazer campanhas bem-sucedidas no Estadual.
Craques que deixaram marcas nos gramados
O Campeonato Catarinense já contou com times de Ibirama, Mafra, Palmitos, Palhoça, Araranguá, Laguna, Joaçaba, Caçador e São Miguel do Oeste. E revelou talentos desde a época em que havia poucas estradas pavimentadas, os campos tinham arquibancadas de madeira e os atletas costumavam ter outras atividades profissionais, jogando bola por prazer ou para complementar o ganho mensal.
Teixeirinha foi um deles, com passagens marcantes por times catarinenses, Botafogo e Portuguesa de Desportos. O goleiro Boos, do Avaí, e o atacante Kowalski, do Figueirense, brilharam nas primeiras edições do Torneio Início e do Campeonato Regional, na década de 1920.
A história deixou registrados os lances e gols de Chocolate, Izaias, Careca, Bonga, Édio, Calico, Carlinhos, Cavallazzi, Bolognini, Bibi, Aquiles, Odilon, Adolfinho, Laudares, Nizeta, Altair, Valério, Caco, Áureo, Wagner Bacharel, Orivaldo, Pinga, Veneza, Balduíno, Sérgio Lopes, Ladinho, Adairton, Tião Marino e Albeneir.
Nas últimas décadas, o futebol catarinense revelou ou contou em seus clubes com craques como Fernandes, Marquinhos Santos, Edmundo, Aloísio, Cleber, Evair, Roberto Cavalo, Genilson, Douglas, Mahicon Librelato, Nardela e Cleber Santana.
Entre os jogadores excepcionais que nasceram ou começaram a jogar em Santa Catarina aparecem Mengálvio, Oberdan, Ado, Jairo, Gainete, Mickey, Valdomiro, Falcão, Marciano, Zenon, Lico, Toninho Quintino, Valdo, Almir e Renato Sá.
Todos os campeões e vices do Campeonato Catarinense:
- 1924: Avahy | Trabalhista
- 1925: Externato | Avahy
- 1926: Avahy | Internato
- 1927: Avahy | Brasil
- 1928: Avahy | Brasil
- 1929: Caxias | Adolfo Konder
- 1930: Avahy | Marcílio Dias
- 1931: Lauro Müller | Clube Atlético Catarinense
- 1932: Figueirense | Brasil
- 1933: Figueirense | Cruzeiro, Avahy e Íris
- 1934: Clube Atlético Catarinense | Íris
- 1935: Figueirense | Íris
- 1936: Figueirense | Íris
- 1937: Figueirense | Caxias
- 1938: CIP (Companhia Industrial de Phósphoros) | São Francisco
- 1939: Figueirense | Pery Ferroviário
- 1940: Ipiranga | Avaí
- 1941: Figueirense | Caxias
- 1942: Avaí | América
- 1943: Avaí | América
- 1944: Avaí | Marcílio Dias
- 1945: Avaí | Caxias
- 1946: Cancelado
- 1947: América | Palmeiras
- 1948: América | Paula Ramos
- 1949: Olímpico | Avaí
- 1950: Carlos Renaux | Figueirense
- 1951: América | Avaí
- 1952: América | Carlos Renaux
- 1953: Carlos Renaux | América
- 1954: Caxias | Ferroviário
- 1955: Caxias | Palmeiras
- 1956: Operário | Paysandu
- 1957: Hercílio Luz | Carlos Renaux
- 1958: Hercílio Luz | Carlos Renaux
- 1959: Paula Ramos | Caxias
- 1960: Metropol | Marcílio Dias e Caxias
- 1961: Metropol | Marcílio Dias
- 1962: Metropol | Marcílio Dias, Hercílio Luz e Almirante Barroso
- 1963: Marcílio Dias | Almirante Barroso
- 1964: Olímpico | Internacional e Hercílio Luz
- 1965: Internacional | Metropol
- 1966: Perdigão | Comercial e Metropol
- 1967: Metropol | Marcílio Dias
- 1968: Comerciário | Caxias
- 1969: Metropol | América
- 1970: Ferroviário | Olímpico e América
- 1971: América | Próspera
- 1972: Figueirense | Avaí
- 1973: Avaí | Juventus
- 1974: Figueirense | Internacional
- 1975: Avaí | Figueirense
- 1976: Joinville | Juventus
- 1977: Chapecoense | Avaí
- 1978: Joinville | Chapecoense e Criciúma
- 1979: Joinville | Figueirense e Criciúma
- 1980: Joinville | Criciúma
- 1981: Joinville | Criciúma
- 1982: Joinville | Criciúma
- 1983: Joinville | Figueirense
- 1984: Joinville | Figueirense
- 1985: Joinville | Avaí
- 1986: Criciúma | Marcílio Dias
- 1987: Joinville | Criciúma
- 1988: Avaí | Blumenau
- 1989: Criciúma | Joinville
- 1990: Criciúma | Joinville
- 1991: Criciúma | Chapecoense
- 1992: Brusque | Avaí
- 1993: Criciúma | Figueirense
- 1994: Figueirense | Criciúma
- 1995: Criciúma | Chapecoense
- 1996: Chapecoense | Joinville
- 1997: Avaí | Tubarão
- 1998: Criciúma | Tubarão
- 1999: Figueirense | Avaí
- 2000: Joinville | Marcílio Dias
- 2001: Joinville | Criciúma
- 2002: Figueirense | Criciúma
- 2003: Figueirense | Caxias
- 2004: Figueirense | Atlético Hermann Aichinger
- 2005: Criciúma | Atlético Hermann Aichinger
- 2006: Figueirense | Joinville
- 2007: Chapecoense | Criciúma
- 2008: Figueirense | Criciúma
- 2009: Avaí | Chapecoense
- 2010: Avaí | Joinville
- 2011: Chapecoense | Criciúma
- 2012: Avaí | Figueirense
- 2013: Criciúma | Chapecoense
- 2014: Figueirense | Joinville
- 2015: Figueirense | Joinville
- 2016: Chapecoense | Joinville
- 2017: Chapecoense | Avaí
- 2018: Figueirense | Chapecoense
- 2019: Avaí | Chapecoense
- 2020: Chapecoense | Brusque
- 2021: Avaí | Chapecoense
- 2022: Brusque | Camboriú
- 2023: Criciúma | Brusque
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